O SUV DO RAMBO, O FIM DO COUNTACH, UM TOURO CHAMADO DIABLO E A CHRYSLER GROUP.
Fala pessoal, estamos de volta com nossa série especial sobre a história da Lamborghini! Já faz bastante tempo que postamos a segunda parte, em que contamos sobre os primeiros anos da marca do Touro Itailiano. Agora nessa terceira parte, vamos falar sobre alguns acontecimentos que mudaram o destino da marca nos anos 80.
Como você viu na parte anterior, a Lamborghini durante a década de 80 lançou o Countach, que se tornou um ícone da década, junto com seus rivais como a Ferrari Testarosa, o Porsche 959 entre outros super carros da época.
Mas antes de ir ao fim da década de 1980, vamos voltar um pouco mais no tempo, vamos ao fim dos anos 70 início dos anos 80 e contar algo muito relevante sobre a marca. A história do seu primeiro SUV. Antes que venham me questionar, não, não é o Urus. Foi um carinha chamada LM002, conhecido como Rambo lambo. Bora lá conhecer como nasceu esse tal de Lamborghini do Rambo!
HMMWV ou Humvee
No fim dos anos 70 o governo americano precisava de um novo veículo militar, para substituir o velho Jeep Wilys, e precisavam de um modelo mais robusto e maior. Em 1979 decidiu-se que o High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle (HMMWV, ou Humvee da AM General) seria o escolhido, esse que mais tarde daria origem à Hummer e os gigantescos H1, H2 e H3.
Mas não foi apenas a AM General que estava nessa corrida, a Lamborghini também estava na disputa, e em 1977 apresentou o Cheetah, que não era bem um Lamborghini esportivo, como o nome sugere e sim um utilitário fora de estrada. O Conceito foi desenhado por Rodney Pharris, da Mobility Technologies International, ou MTI, empresa contratada pelo governo americano justamente para desenvolver os seus veículos militares. Ele foi construído na Califórnia, e não na Itália como você provavelmente imaginou, e enviado depois para que a empresa de Sant’Agata Bolognese cuidasse dos detalhes finais e instalasse o motor no modelo.
Este não era um V12 Lamborghini, mas sim um V8 da Chrysler de 5,8 litros montado em posição central-traseira, e com uma transmissão automática Torque Flite de três velocidades. O Cheetah não era muito adequado ao uso militar e tinha alguns pontos negativos, pois um veículo militar com motor central traseiro não é a melhor das ideias, e o fraco e pesado V8 da Chrysler rendia frouxos 190cv, era o suficiente para mover o carro, mas não para um desempenho mais animado e ainda por cima ajudou a piorar a dinâmica do carro, que foi descartado pelo governo americano sem ao menos ser testado, bastando um teste com seu projetista para que a marca recebesse um NÃO!. No fim das contas, o Cheetah foi uma péssima ideia, foi um fracasso e acabou causando um grande prejuízo à Lamborghini, contribuindo para a falência da companhia ainda naquele ano de 1977.
No ano seguinte a Lamborghini passou para as mãos dos suíços Jean-Claude e Patrick Mimran, investidores do ramo alimentício, porém apaixonados por carros esportivos. Eles injetaram uma boa grana na companhia, e lançaram o Jalpa (já contado por nós na segunda parte) um Lamborghini de entrada razoavelmente bem sucedido, e investiram em versões especiais para o Countach. O investimento se provou bem acertado e planejado, fazendo a Lamborghini sair da falência e se recuperar financeiramente nos primeiros anos da década de 80, e incluiu até mesmo a retomada no projeto do Cheetah.
O um novo conceito foi apresentado durante o Salão de Genebra de 1981. O modelo foi chamado de LM001, que pode ser tanto "Lamborghini Militaria 001" como "Lamborghini Mimran 001", depende de qual fonte você consultar. Era basicamente uma evolução do projeto do Cheetah, mas que mantinha o motor central-traseiro, fornecido pela AMC com 5.9 litros e 180cv, que conseguia levar o modelo a incríveis 160 km/h, mas que tornava a traseira do modelo pesada e trazia os mesmo problemas dinâmicos do Cheetah.
A ideia ainda era criar um veículo militar, mas não era mais para os EUA, o público-alvo dessa vez eram os países do Oriente Médio, que já haviam demonstrado interesse no Cheetah. Contudo, para tornar o LM001 um off-road viável nos desertos árabes, era preciso que aquele motor mudasse de lugar, era preciso até que mudassem aquele motor que não era Lamborghini.
Assim surgiu o LMA002. O “A” era de “Anteriore”, por causa do motor que finalmente foi posicionado na dianteira. E também não era um V8 americano, e sim um legítimo V12 Lamborghini, mais precisamente, o V12 de 4,75 litros usado no Countach LP500S.
O reposicionamento do motor exigiu uma reformulação na estrutura do carro, mas também garantiu espaço para seis pessoas atrás, somado aos quatro lugares na cabine, permitia que dez pessoas fossem transportadas no protótipo. O salto de potência também era gigantesco: o LMA002 passou a ter um motor de 375 cv alimentado por seis carburadores Weber, o que garantia um desempenho bem melhor, graças também ao novo câmbio ZF de cinco marchas.
As coisas finalmente estavam caminhando como deveriam, e o protótipo apresentado no Salão de Genebra de 1982 foi cuidadosamente aperfeiçoado pelos quatro anos que se seguiram até que como aquela virada de final de campeonato, no Salão de Bruxelas de 1986, a Lamborghini revelou a versão de produção de seu utilitário, agora batizado de LM002. Sim, a Lamborghini agora tinha um SUV para chamar de seu.
O jipão da Lamborghini parecia um tanque de guerra, com pneus Pirelli Scorpion desenvolvidos especialmente para ele. Por dentro tinha uma série de itens de luxo e conforto naquela época, como vidros elétricos, bancos revestidos em couro, ar condicionado e sistema de som stereo. Para ter um autonomia viável a um veículo off road, o LM002 ganhou um tanque de combustível de 290 litros e se o motor 5.2 v12 com mais de 400cv era pouco para você, era possível encomendar o modelo com o motor 7.2 v12 que a marca produzia para lanchas e barcos de competição.
O LM002 acabou por não ter unidades destinadas ao serviço militar,embora tivesse um visual bem robusto e rústico. Sua produção durou até meados de 1993, com um total de 328 unidades produzidas.
Um ano após o lançamento do LM002, a Lamborghini trocava de donos mais uma vez, a gigante então na época Chrysler comprou a marca em 1987. Na quele momento a marca do touro tinha somente 3 produtos em linha: Lm002, Countach e Jalpa.
Pertencer a Chrysler ajudou a Lamborghini a renovar seus produtos e a melhorar sua situação financeira. O Countach já estava ficando obsoleto e para os anos 90 a marca precisava de um novo super carro. O Dinheiro da Chrysler Group pagou o projeto de um novo modelo, o Diablo, totalmente novo e com um interior muito decente em relação ao antigo Countach, aliás o interior mais confortável foi uma exigência da Chrysler na época.
O modelo era apresentado em Janeiro de 1990 e aposentava o antecessor Countach. Mais uma vez Marcello Gandini era responsável pelo design. Era mais potente, trazia um v12 de 5.7 litros e 498 cv. O câmbio era somente manual com 5 velocidades, 0 a 100km/h em apenas 4 segundos e velocidade máxima de 325km/h.
Na próxima parte vamos contar mais detalhes sobre Diablo e suas versões.
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