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POST #04 - História do fusca episodio 2 – o Fusca no Brasil

Foto do escritor: Yan Bernardo de SouzaYan Bernardo de Souza


Fusca no Brasil e uma fabricante de geladeiras


Para começar, vamos voltar ao final da década de 1940. Após o fim da segunda guerra e com a retomada da produção dos automóveis na fábrica da Volkswagen na recém nomeada cidade de Wolfsburg, o Major Hisrt passava o comando da companhia ao antigo dirigente da RDA, Heinz Nordhoff (que ficou no cargo entre 1948 até sua morte em abril de 1968) que se tornava presidente da empresa. Nordhoff acreditava que a solução para reerguer a fábrica era a expansão para outros países e assim ganhar novos mercados, o que incluía a américa do sul.


Heinz Nordhoff

A Volks então enviou um representante ao Brasil, um cara de nome longo chamado Friedrich Wilhelm Schultz-Wenk. Foi um nome de enorme importância pois foi Schultz-Wenk quem trouxe a Volkswagen ao Brasil, escolhendo o país após uma visita ao continente para avaliação de possíveis mercados, assim decidindo que as operações deveriam ser iniciadas aqui ao invés da Argentina. Isso prova que ganhamos dos Hermanos não só no futebol...chupa Hermanos!


Segundo histórias o alemão escolheu o país pois gostou da famosa “hospitalidade brasileira”. Ele ao que tudo indica era um cara que gostava de curtir a vida, de festas, noitadas e de uma moça russa chamada Tatiana.

Entretanto era necessário que o fusca fizesse sucesso com o consumidor brasileiro, e isso acabou o ocorrendo de forma bem rápida. Em 1949 a Brasmotor passou a ser representante oficial da marca no país. Mas a esse ponto você deve estar de perguntando: quem é essa tal de Brasmotor porr*? Vou te responder!


Curiosamente kombi montada e utilizada pela Brasmotor

A Brasmotor ou Companhia Distribuidora Brasmotor, começou suas atividades em 1945 e foi fundada pelo boliviano Hugo Miguel Etcherique, em São Bernardo do Campo. A Empresa antes de montar os fuscas montava veículos da Chrysler em regime CKD (Completely Knocked Down), os carros vinham desmontados em partes separadas e assim sendo apenas montados no galpão que era localizado na rua Marechal Deodoro.

Em 11 de setembro de 1950 por insistência da Brasmotor a Vw trouxe cerca de 30 unidades já montadas do fusca, todas equipadas ainda com o motor 1200, desembarcadas no porto de santos e sendo todas vendidas quase que instantaneamente. Segundo fatos da época cada unidade valia em torno de 20.000mil Cruzeiros e acabaram por serem vendidas por praticamente o triplo desse valor, algo em torno de 60.000mil Cruzeiros.



Em 1951 a Brasmotor começou a montar os fuscas em São Bernardo com o regime de CKD enquanto era estabelecida a pequena rede de concessionários da Volks. Esse modelo importado era conhecido como “Split Window” pois possuía duas janelas divididas ao meio no vidro traseiro, hoje raridades cobiçadas por colecionadores.

Em 1953 as operações da Volkswagen no Brasil agora eram controladas por uma filial, a Volkswagen do Brasil, instalada no bairro do Ipiranga em São Paulo em um galpão alugado. As peças continuavam a chegar da Alemanha. Estima –se que cerca de 2300 fuscas e 560 unidades da Kombi foram fabricadas dessa forma.

Com o sucesso do fusca a Volkswagen precisava de uma fábrica para chamar de sua, o que ocorreu em 1956, com a construção da fábrica da Anchieta com incentivos dos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. A inauguração ocorreu em 18 de novembro de 1959, porém a kombinha já era produzida com índice de 100% de nacionalização desde 1956 enquanto o fusca até 1959 possuía um índice de 24%.

Com o fim da parceria com a Vw a Brasmotor iniciou a fabricação e importação de eletrodomésticos, criando a mais famosa marca de geladeiras do Brasil! A Brastemp! Isso mesmo que você está pesando! O fusca era feito pela Brastemp antes da vw se instalar em definitivo por aqui.



Presidente Juscelino Kubitschek





Então a partir de 1959 o fusca começa a ser fabricado no Brasil e com 100% de nacionalização, a partir desse momento o carro começa a ter um bom desempenho nas vendas. E aí podemos partir para a década de 1960. Durante toda essa década o carro recebeu inúmeras modificações e melhorias no projeto, e ainda em 1959 ganhou uma nova janela traseira, abandonado o formato oval e se tornando retangular e maior, aumentando assim a área envidraçada do carro. O carro ainda viria a ganhar transmissão com marchas sincronizadas, o famoso volante cálice, novos piscas e lanternas traseiras, novos bancos dianteiros, nova posição do tanque de combustível. Em 1964 ele ganhava um interessante e controverso opcional o teto solar de chapa e manual, que em uma ignorante e infeliz expressão acabou por receber o apelido de cornowagem o que fez com que a Vw retirasse o opcional em pouco e tempo e alguns proprietários soldassem o teto, o que tornou essas unidades extremamente raras e de valor acima da média por um modelo sem teto solar da mesma época.






Em 1970 o fusca passa por uma grande mudança, sendo uma 2ª série, mudanças na frente e traseira: para-choques de lâmina simples, novas lanternas traseiras tricolores (incorporadas as luzes de marcha à ré), adoção da grade na tampa traseira, maçaneta do capô dianteiro com botão de segurança. O capô dianteiro e traseiro ficaram mais curtos, para evitar que se prendessem ao para-choque em caso de colisão. Foi lançado o Fuscão, modelo jovem de acabamento requintado e motor 1500 de 52cv. O Fusca 1500 durou de 1970 até 1975.






Em 1974 é lançada a versão 1600S - o besourão. Equipado com bancos reclináveis; volante esportivo Walrod de três raios, painel com conta-giros, marcador de temperatura, relógio e amperímetro. Motor 1600cc de 65cv com carburação dupla, rodas aro 14 da Brasília com pneus radiais opcionais. Também tinha uma cobertura plástica na cor preta sobre a tampa traseira, que lembrava as asas de um besouro. Com três nomes oficiais, o clássico instantâneo denominado 1600S, Besourão ou super fuscão.


No ano de 1979 ocorre uma mudança nos modelos 1300 L e 1600, as lanternas traseiras se tornam maiores e passam a ser chamadas "Fafá", em alusão aos grandes seios da cantora Fafá de Belém. A lanterna menor continuou a ser utilizado nas versões 1300. Volante de plástico injetado, nova manopla do câmbio em plástico, coluna do quebra vento pintada de preto. Em 1980 se tem o lançamento do motor 1300 a álcool, esses que ficaram muito conhecidos por serem utilizados pela empresa Telesp.




Em 1983 a empresa finalmente rebatiza o modelo no Brasil, adotando o nome que se tornaria popular, Fusca. Até então o automóvel era oficialmente denominado "VW Sedan" nos registros do Detran. A lanterna modelo Fafá passou a ser padrão para este modelo único, fabricado somente com o motor 1300. No ano seguinte o modelo 1300 é retirado de linha, o que já demonstrava que o fim do fusca estava próximo, na Alemanha o mesmo já havia sido descontinuado na década de 70.




Em 1986 a Vw decreta o fim da produção do carro, e assim lança uma edição de despedida, chamada de última série e limitada a 850 unidades, que vieram numeradas no para-brisa de 000 a 850, com pintura metalizada, acompanhando um kit que contava com chave especial, certificado e fita de vídeo com as melhores propagandas do Fusca exibidas na televisão desde 1960. Não possuía diferenças em termos de acabamento ou motorização, era apenas a versão comum do Fusca e criada para se diferenciar e marcar a última série produzida. A maioria desses exemplares ficou guardada nas mãos de revendedores autorizados, colecionadores ou entusiastas e assim com baixa ou nenhuma quilometragem (poucos exemplares dessa série foram utilizados normalmente como veículo de uso).

O Renascimento e aposentadoria


Em 1993 o então presidente Itamar Franco sugeriu a Vw que retomasse a produção do carro, como forma de incentivar a indústria automotiva a produzir veículos mais baratos a fim de criar um seguimento de carros populares. Foi aprovada então a Lei do carro popular, que previa isenções de impostos para os carros com motor 1.0 e também para os que tivessem refrigeração a ar, sendo assim o Fusca e a Kombi, embora tivessem motores de 1.6l, foram incluídos. O carro vendeu muito menos que a meta esperada pela Volkswagen. A principal razão para que o Fusca não vendesse tão bem se deve ao fato de seu acabamento espartano demais diante dos concorrentes surgidos em meados da década de 1990, como o Fiat Uno Mille e Chevrolet Corsa de primeira geração, que tinham preços muito próximos do velho besouro, porém, com acabamento e espaço interno melhores que os do Fusca. Sem mudanças na carroceria nem no motor o fusca ganhou para-choques na cor do veículo, uma única saída de escape no para-lamas esquerdo, estofamentos novos, volante novo e outros detalhes de acabamento, inclusive detalhes opcionais. Em 1996, último ano de produção do Fusca no Brasil, a VW decide lançar uma série especial de despedida, denominada Série Ouro. Para comemoração da sua última série de fabricação, foram fabricados os últimos 1.500 Fuscas popularmente “FUSCA SÉRIE OURO“, onde os últimos 1.500 proprietários de fuscas “novos” tem seus nomes guardados em um “Livro de ouro da VW. ” Um Fusca Série Ouro é facilmente identificado, neste seu último modelo a VW equipou esteticamente a versão. Com estofamentos do Pointer GTI, desembaçador traseiro, faróis de milha, painel com fundo branco, vidros verdes, esta foi a série de despedida do mercado. Nesse segundo período (1993 a 1996), foram produzidos cerca de 47.000 exemplares. E assim o fusca saia definitivamente de linha no Brasil, o penúltimo país a descontinuar sua produção, e o ultimo sendo o México em 2003. O fusca Brasil deixou um sucessor, igualmente carismático o gol.







Presidente Itamar Franco a bordo do fusca








Recriação do clássico


O público e os entusiastas do fusca mundo afora enchiam o saco da vw para que a mesma lançasse um novo fusca, algo que tivesse a mesma áurea

Em 1994 a vw criou um conceito, baseado na plataforma do golf que produziu tanto sucesso durante sua apresentação que a montadora decidiu fabricá-lo a partir de 1997.



Nascia aí o New Beetle (novo fusca na tradução) que compartilhava no desenho a inspiração no carro original de 1938, e embora não seja do mesmo segmento que consagrou o modelo original, o New Beetle, como ficaria conhecido, tornou-se um sucesso no mercado norte-americano, ganhando uma versão conversível (cabriolet) pouco tempo depois. Ainda capitalizando na boa vontade do mercado para com o Fusca, o New Beetle continuaria firme no mercado até 2011, apesar da nova faixa de preços e tecnologia completamente diferente. Esse Modelo foi vendido no Brasil importado e estava posicionado como carro de imagem da montadora sendo que o mesmo possuía alto preço o que fez com que vendesse pouco. A opção de câmbio manual em 2008 era vendida no Brasil por R$ 58.080, enquanto a Tiptronic tinha preço sugerido de R$ 62.300.







Em 2011 foi apresentado uma nova geração do beetle, a terceira que possui um visual mais agressivo e motorização e plataforma derivadas do golf de sexta geração. No mercado nacional a vw adotou o nome de Fusca ao invés de beetle como na geração anterior. Essa terceira geração continua a venda, chegou por aquei em 2012.





Até a próxima!

Por: YBS

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